segunda-feira, 29 de novembro de 2010

E a culinária persa há muito ganhou espaço na gastronomia internacional, apesar de pouco difundida aqui. Do convite à ritualística daquilo que é servido, a ornamentação e sabores extremamente particulares; quem provou garante não tê-los sentido em nenhum outro lugar. É dessas coisas que não se esquecem e ficam guardadas nas memórias do paladar.

Iogurte – Mast //

Excessivamente consumido em todo oriente médio. Muitos cientistas atribuem a estamina a longevidade daqueles povos; além do fato de serem praticamente imunes a problemas estomacais.

Vale ressaltar, no entanto, tratar-se das comunidades mais pobres do mundo. Junto à África, talvez. Seria uma insensatez dizer que a fome não é um problema naquele país... Mas disso já sabemos, e a riqueza cultural milenar, já se adaptara há tempos. Isso! Isso sim nos interessa...

Contam que o poderoso Genghis Kham viveu a base de iogurte durante longas jornadas através da Mongólia e do império Persa, quando havia escassez de alimentos para seus soldados.

Segundo a tradição, o iogurte abastece todas as camadas sociais; sejam ricos, ou pobres. Servido de todas as maneiras possíveis, é visto na mesa dos trabalhadores simoles e nos mais caros restaurantes.

Durante o verão, há gerações, é consumido como refrigerante. Diluído com água, hortelã e uma pitada de sal. Em farsi, diz-se “abdur”, e não pode faltar na casa tradicional.

Podem acompanhar pepinos picados, cebolinhas verdes, aneto, pitadas de sal e pimenta do reino moída, como ingredientes para incrementar a salada

Outro dado curioso é que frequentemente, ambulantes vendem abdur nas ruas, acompanhado com um ou dois poemas de Omar Khayan. E substituem a “jarra de vinho”, do poeta, pela jarra de abdur. Tal fato reforça a tese da importância daquilo que adorna se relacionar diretamente ao que será servido. Seja num palácio, ou na rua... cheia de pessoas comuns.

Outra surpreendente utilização do iogurte é para marinar carne. Deixa-a macia, com sabor extremamente delicado.

Também serve como petiscos mesclados a frutas frescas ou em conservas, açúcar, ou mel.

E finalmente é indicado por donas de casa no Irã, para fins medicinais. Numa queimadura solar, é utilizado como pomada, para aliviar e hidratar. Também recomendado como máscara para manter o que chamam de “eterna juventude oriental”.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Procurava pedaços do meu pai sumido, em objetos. Uma fotografia, um quadro velho, tecido de roupa usada, e antiguidades. Com o tempo a mania foi piorando e acho até, que em certo ponto, chegava a apresentar sintomas claros de doença psiquiátrica... Mas falava pouco sobre o assunto, e na casa de campo velha ou na outra, ou mesmo no apartamento de minha avó falecida, garimpava como quem buscava ouro... Nos retalhos do meu pai... E o corredor de vento marinho esvoaçava as idéias enquanto a Avenida Atlântica, insone, traduzia a pressa dos outros, que não era a minha... Tantas vezes senti minha avó e seu perfume; e dizia viva! Se vc esta aqui também permaneço! Assim passaram anos... E o pai q trabalhava de sol à sol nos afazeres de uma fábrica que eu chamava de feudo, sempre vi de passagem ou nos horários programados. Eram assim aqueles tempos. Muita bordoada no verbo; e desatenção com a prole, que éramos todos. Mas sempre amei o cara... E garimpava pedaços... Com o tempo me desapeguei de quase tudo. A vida implacável me ensinara de vez a não cortejar a matéria. Olhar quem não tinha nada e precisava de uma palavra. De orientação! Criei o compositor para fazer vingar minhas lágrimas; e chorei no colo sonoro do bojo de um violão... E mergulhei para dentro, e achei que sabia dos santos. Como? Se nem podia comigo mesmo! E comecei a doar algumas roupas, depois discos, alguma tela da parede. E esquecia canções porque elas sempre se lembravam de mim. Como acordar e adormecer... E improvisei no palco dos outros, errei e acertei, e deixei o vento frio que não era do mar invadir outros corredores. Abri janelas que não eram minhas para num momento próximo ao fim, de uma etapa qualquer, realizar que a tubulação de um sítio cuja venda pessoalmente sabotei, não importava mais. A casa permaneceria! Primos herdariam! Essa sensação me interessava. Minhas mais doces recordações de moleque velho teriam aonde passear. E minha avó também.Que fosse pelas frestas de uma cerca!... Fecha os olhos e respira João. O coração é o mundo; órgãos planetas, e um sonho de yoga pode transformar sim... Pensando num pai imaginei o que diria aquele que mora no céu e todas as noites me fez dormir. E me ouvia rezar. E substituía panos por silêncio e gravuras por recordações. De oxigênio puro refiz minha paisagem; ar que não pesa e envolve; e leva... Não há mais tempo para nesgas de acontecimentos que não existem mais... Deixei o relógio e pús as horas, no sentido do movimento... Que era o vento de todos os lugares...

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Blanca //

A vida doía. Acordar e olhar o rosto cadavérico no espelho, predizendo novamente todas as incertezas, e uma fragilidade ímpar. Tinha reza, tinha santo, profissão que não era emprego. Faltava algo! Acertar a cervical, olhar na linha de outro prisma. Uma rama desenfreada de porquês. Como quem tentava resolver a história que passou. Remendos não arejam dias vindouros. O olhar passado, remoído, triste. Aquele que se deseja esquecer e adormece agrupado em conchinha, com os últimos fios de cabelos brancos e auto-estima...

Um dia disseram que ela queria me ver. Xamã paraguaia que conversava com os anjos. Sonhava em adormecer de vez no seu quinhão de terra. Mas fizera uma família aqui. Todos que se chegavam e achavam um colo. Dizia que os umbrais escureciam a alma como galhadas de arame farpado.

A sombra das costas deveria estar alinhada, aquela outra que pela frente faria caminho. Como batedor que marcha com a coragem nos pés e sabe a responsabilidade dos seus apontamentos. Crê na certeza de que não mergulhar é não saber do lado escuro de um espelho de água. Aquilo que sustenta as costas e te coloca no centro, em fila indiana, compactada e firme, para qualquer percalço. O que se conhece, ou se pensa saber...

Por trás do que se deveria deixar; desprender-se. E retorcido, ao sumo, transformado em energia motriz;

Ela sabia... E como!

Dizia na entrevista que por mais de 100 vezes havia entrado e saído da FEBEM... Tinha a pele escura e fisionomia calma. Contou que agora era um mediador entre conflitos no morro e viajava o país palestrando sobre os hábitos da favela... Um MEDIADOR sinaliza o princípio BÁSICO e democrático da conversa, ponderação e não violência... ORGANIZAÇÃO!... E continuava citando mais de 300 óbitos com assinaturas conhecidas. Pessoas próximas ou nascidas no local... Há bem mais que números em jogo... Certa vez o PCC parou São Paulo seguindo ordens que partiam de complexos carcerários... E querer não compreender é ignorar as lentes de um novo tempo... E a arrogância é irmã da guerra... A guerrilha!... A farda maldita dos homens que comeram mosca enquanto o vento passava...

terça-feira, 16 de novembro de 2010

... Se por um lado tudo podia impossível seria conter o rumo da história. Sobre o destino? Perdera a língua na curva dos acontecimentos e agora semeia presságios e reza a oração dos justos. Onde buscam a água bebem o invólucro! Os homens como plantas parindo oxigênio provêem de rachaduras e rompem o todo louvando uma vida exagerada, exagerada, exagerada... Custe a quem custar.

A terra, por quem derramara sua infinita generosidade... Parecia sombrear a paz, sem percebê-la; no escuro. Era como dormir de olhos abertos.

E a terra pobrezinha, maltratada por formigas civilizadas no fundo sabia que o futuro jaz seria; Um retorno; Não haveria espaço para tantos encanamentos, tantas estruturas. Era inevitável sinalizar a época das flores, do frio; casacos de lã eram confeccionados ao sopro de um outono cada vez mais tímido. O inverno, ancião egoísta, era cruel e implacável. Chegaria cada vez mais violento. Por isso era preciso ser transparente. Apontar as estações que praticamente já não eram quatro. Somente duas! O calor sertanejo não diferenciaria o perfume das flores ou o sopro do outono; ou tudo muito quente ou muito frio... A terra sabia disso.

Tinha uma certeza feminina, maternal. Há milhões de anos se partira em pedaços, retorcendo, criando veios, transformando montanhas inteiras, rompendo oceanos e água potável. Adaptava seres e formas. Era mãe, coração fácil de enganar.

Porém... Há um, porém! Muito vivida aquela senhora, apesar de nova. Para o universo, milhões de anos não se estendem mais que um fim de semana trivial. Mas, ainda assim... Eram milhões de anos.

E o pai desse universo velho, até então mais velho ainda, agonizava a dor dos sábios. A dor científica dos que enxergam pelas lentes do tempo. O pai do universo era o Tempo! Voavam horas descompassadas, sem asas, com pressa. Horas modernas controladas pelo rojão dos afazeres, dos fatos, das informações. Pressa! O senhor de tudo, tinha a pressa de um relógio sem ponteiros.

ERA UMA VEZ O TEMPO QUE ERA O PAI DO UNIVERSO, QUE PRECISAVA ESCURECER A NOITE, ACENDER O DIA E ILUMINAR FORMIGAS QUE Andavam DE SAPATO...!