quinta-feira, 30 de abril de 2009

Ando pensando que já nasci velho, ou não vou crescer nunca. Sentirei o reumatismo dos meses, mas compassar a criança e o senhor... Porque na China, por exemplo, depois de sessenta e cinco anos todo homem é um sábio. E senhor! Sabe-se lá do que? Do tempo! Responderia... E outro dado que acrescenta a narrativa é que são bilhões a compartilhar a mesma idéia. E se a voz do povo... Ou melhor, de um povo...

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Muita gente tem me procurado para desabafos clássicos do tipo: para onde vou? O que será? Minhas escolhas...? Em primeiro lugar interessante seria perceber que antes de ir o cara já está! E melhorar o contorno é suficiente para se fazer perceber outras idéias... Depois, antes de ser já é... Não! É bonito perceber o que existe por trás do caos! É o passo inicial para mudar o compasso. E eu sei que trabalho tem mas dinheiro não... Pode ter certeza que disso eu sei! E sobre decisões, se não são acertadas ensinam pacas. Se acontecerem dentro do planejado é porque deram certo e a questão é arrumar coragem para se perceber... Ainda vamos falar muito sobre o tema. E repara que no canto da foto tem um cabeçudo te observando. O nome dele é Vincent... E também falaremos sobre ele...
O Mímico parte 8 // Contavam os mais velhos que há setenta anos atrás o rio transbordou. Praticamente todo o vilarejo ficara debaixo da água. O hospital construído em outro plano não fora atingido, mas verdade também é que todo mundo correra montanha acima porque parecia até que Deus não queria nada em pé... De lá pra cá se acirraram as responsabilidades com questões climáticas e demais temas adjacentes. Era importante compreender e não deixar no esquecimento as histórias daquele dia. Cada parente deveria lembrar e passar adiante a notícia de que chegaria muita chuva... Com gosto molhado de lembrança velha... De passado que não se esquece... E retornava ao ponto inicial... Iria para a França quando passasse a turbulência... Agora estava finalmente decidido e pronto. Quem não gasta junta e ali consumiria o tempo e alguma boa dose se bebesse... Somente... // Continua

terça-feira, 28 de abril de 2009

E por vezes me pergunto a que lugar pertenço? Não me isento do fato de que a princípio possa, ou melhor, esteja mesmo falando de mim... No entanto, tudo leva a crer, que em algum momento grande, até disso... Nos perdemos. Um mínimo de consciência. Acabamos por fim redirecionando o leme para outros cantos... Talvez o comportamento coletivo, social, ou a busca da sagrada epopéia cívica: casa, família, trabalho (ou renda!). É! Passamos à vida crendo em artifícios divinos sem quase sempre pensar e respeitar o próximo... E a nós mesmos... // É claro que em algum lugar chove novamente. Agora praticamente todos os dias! Se lembra de Blade Runner? E da teoria de Gaya... A esfera lavando a terra e cuspindo engravatados, mulambentos, analfabetos e doutores cheios de dentes. O mesmo ponto! Ou o fim dele!? Tudo sobre o mesmo plano espacial. Endereço? Confins do mundo, rua primeira de todas que é a minha... Porque somos de uma natureza egoísta mesmo... Gostaria de ser vários e estar simultaneamente em todos os lugares para gritar, rugir, ou permanecer em movimentos cadenciados, carregando sacos e reunindo roupas. Esforço humano... Ou humanização... Amanhã também poderei estar nadando em esgoto e talvez alguém que seja muitos ao mesmo tempo possa me ajudar...Torno a repetir... A razão maior dos nossos dias não seria desprender mais tempo e focar as necessidades alheias?... Quando distribuírem as possibilidades... Muita coisa há de mudar...

segunda-feira, 27 de abril de 2009

O Mímico parte 6 // E a vida aos poucos tomava seu rumo. Para ele, é claro! Iam os meses e suas previsibilidades... Vez por outra ainda exercitava sua capacidade de comunicação muda confabulando silencioso com o espelho da sala. Os dias eram quentes, as noites nem tanto... Sonhava acordado poder voltar a Paris... A nobre arte do palhaço mudo... Mas era o cirurgião do lugar! Quase um cargo político. Por vezes interferiu com destreza em pendengas da prefeitura e falação de partidários. Achava o ó! Era de uma paz branca, melancólica... Falava manso, compassado, articulando o menos que pudesse... Era importante não transparecer seus conhecimentos que nada tinham a ver com a profissão... Uma mão única de sobrevivência. Tudo era muito calmo levantando poeira de lugar sem asfalto. Simples assim! Já havia dito: muitos problemas respiratórios, algumas poucas cirurgias de apêndice e outras ocasionais extrações. Muita orientação e conversa fiada para o tempo não passar despercebido. Enquanto isso a única estação de rádio anunciava a meteorologia... Chuva!... Muita água de nuvem seguia em direção aos montes. Assim chamavam os que acordavam com a paisagem de arenito do outro lado da margem turva... Uma cidade pequena, um hospital menor ainda, um rio que corre e uma tempestade em movimento... E ainda assim pensava em Paris... // continua

domingo, 26 de abril de 2009

O tempo parte 9 // Ainda sobre o vento... E fora quase como o previsto... Ventava muito naquele começo de manhã. Girava invisível em movimentos largos e circulares. Progressivos. Colidiam nuvens carregadas. Raios chovendo feito filme... Como se lumes de estrelas despencassem em fila indiana até o chão. Ou dele nacessem! Vociferava aos quatro cantos o sopro incompreendido, mal-criado. No ensejo dos acontecimentos, pouco questionava ganhos e perdas... Deixava apenas transbordar aquela sensação incompreendida... E voava folha-seca, espalhava papel, empurrava cabelo e fumaça. O céu retornaria a sua cor... Azul por fim... Sabia que poderia... Sabia!? // continua

sábado, 25 de abril de 2009

Preguiça total... E o direito (ou a necessidade?) ao ócio reconhecido entre profissionais de criação, nos leva a profunda elucubração – deveras batida também! – de que num futuro não muito longe a própria escassez de verba, ou a sobra de tempo, propagará novas ondas de necessária possibilidade (ou responsabilidade!). Um texto francês do século XVI intitulado “O Direito a Preguiça” já dizia isso. Não há nada de novo mesmo! Mas o tema dá é pano para manga. Qualquer coisa como: apreciar o tempo que corre desenfreado e... Apreciar! Ou traduzir! E achar outras linhas de pensamento que em conluio com o todo possam salvaguardar os ponteiros do relógio e não forjar uma nova hora. Nova ordem sim, mas a contagem continuará a mesma. A matemática é uma ciência exata... E Maria Luiza se casa... Pensaria a maioria, e daí... Respondo que uma ausência de sobrenome transporta a informação para um vasto território de outros caminhos. Com certeza todos sabemos de uma pessoa conhecida ou não... Então continuo... Hoje... Maria Luiza se casa. E pensando no sentimento comum, somo aos meus de parente longe e encho a boca... Maria Luiza se casa!

quarta-feira, 22 de abril de 2009

O Mímico parte 5 // Nublado fora o dia da partida... E a cidade , bem se sabia, era mesmo pequenina demais. Se bonita? Não posso creditar tanto entusiasmo. Mas sua gente simples, de pensamento estreito, sabia com rigidez manter a liturgia do dia a dia... Tinha igreja grande com praça e coreto e bicicleta voando feito passarinho porque criança não tem hora e o sino avisava. Por isso pulso também não tinha relógio. Era casa e pipa a perder de vista e um perfume de mato constantemente sentido por um corredor de vento que não sossegava nunca... E as margens do rio grande o único hospital da região... Arrumado sim! Organizado era pelas freirinhas de Santa Rita. Irmãs que há décadas se entregavam ao próximo. Confortavam doentes na última cidade do lugar mais distante que já estivera... Sem dúvida um diferencial existia naquele lugar! Além de profissionais escolhidos em concursos e muito bem remunerados, a palavra de Deus praticada, e o sorriso de marfim machucado no semblante daquelas senhorinhas vendiam a boa imagem e complementavam a função daqueles renomados doutores... Mas era lindo vê-las sorrir! Há tempos perderam qualquer dúvida sobre o sentido da profissão comum. Ou mesmo adereços de responsabilidade. Era a palavra sagrada. As senhoras de Nossa Senhora! E o sentido de vidas inteiras, colecionando uníssonas orações que repetidas adentravam todas as manhãs... // Continua

domingo, 19 de abril de 2009

Ontem fui a Lapa conhecer a música do Sotaque Carregado. Impressionante... Dj MAM cordenando os trabalhos e reunindo músicos de diversas vertentes além de muito bem vestidos pela roupa afro da BALACO... Ví pajé tocando flauta, ouvi gente velha em vinil e uma tropa reunindo instrumentos de toda cor e som... Mr. Robertinho Silva passou por lá e depois vieram outros. Detalhe interessante é que ninguém descia do palco. E não paravam. E o povo dançava de cair. Quem sabia e não sabia! Quando sai haviam se passado horas. Na boa!? Acho que a rapaziada acordou o sol mais cedo... Eu fechava os olhos e só ouvia o terreiro do SOTAQUE CARREGADO que não dá para esquecer. E se bobear, num céu escuro, na rebarba do tempo, o astro rei se acabou e feliz da vida deu praia pra todo mundo... E hoje o dia foi lindo...

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Noturnos // Tive uma noite péssima. Um sonho acordado com jeito torto e corcunda de quem carrega meio palmo de cal no lombo. Sabe-se lá onde estava, ou aonde gostaria de estar o sujeito que era eu. Sabe-se lá! Recordo um entorno acinzentado de manto calmo. Grama talvez... E um desejo de chorar em silêncio. E isso preocupava! Guardar ruídos que não se externavam pela indivisível neurose. Como se tudo fosse constituído da mais perfeita ordem. Ou da mais perfeita desordem. Antagônico mesmo! Desordenar a perfeição seria não atingi-la. Da mesma forma a desordem não remeterá ninguém a qualquer forma de perfeição... Não há nada que sinalize um agente complicador. Apenas a óbvia conclusão... Fato é, e isso sim, de merecido bom senso, que tive uma noite péssima, estou quase de ressaca e não me recordo de um gole sequer. Unzinho só! Palavra...

quarta-feira, 15 de abril de 2009

O Mímico parte 4 // Mas era difícil pensar que poderia ser, ou até, ter sido outra coisa. As horas despendidas, todas as madrugadas inteiras contornando pilhas de livros e toda sorte de informações sobre o assunto. Parecia tarde demais para uma reviravolta profissional. Algo que transformasse tudo. Que mudasse em definitivo o rumo dos acontecimentos. E pensava no pai e sua pompa, no orgulho matriarcal que tingia os olhos de prata... Do exemplo que se tornara para outros de mesmo sobrenome. Tudo o que viesse a representar não estancaria a dor de não poder calar a voz para gesticular o tempo, suas andanças. No fundo era um palhaço que não falava. O verbo silencioso do caminho de cada um... E no caso do rapaz, viver a existência escolhida. Pronto! Começara a chorar novamente... E só pararia ao raiar do dia novo. O sol não nasceria à toa. Seria um dia melhor... Mesmo que de branco fosse. Seria melhor... // Continua
O Tempo parte 8
...Odiava formigas de sapato... De onde vinha o amor daquele Pai? Filho de vento é brisa que nem pétala derruba... Onde morava o sentimento que não entendia? Pudera saber que um Deus maior precisasse de tantos outros. Que o planeta e suas bandeiras colecionavam nações inteiras subdivididas em tribos, que por sua vez se diminuíam e progressivamente, se reuniam em mapas perenes. Que a compaixão estagnada era a bússola de um universo fora da validade, estragado, sujo. Que a vida prenunciava uma nova ordem. E o mito de cada, força motriz desde que percebido a importância do outro... Mito... Troço que precisa de dono. E só míope, não poderia ver tudo isso... Se cada alma falasse talvez o caos se tornasse um caso à parte... // continua

terça-feira, 14 de abril de 2009

O TEMPO parte 7 / / Mas, já que nem visível era, portanto. A nada pertenceria. Não se pode responder ao que não se vê. Jamais perdoaria o Pai de tudo, pela mal entendida falta de forma. Qual motivo haveria? Dentro de uma interpretação extremamente particular, julgava-se menor. defeito de fabricação!? Queria ver plantar tudo isso, dizia para si. Quilômetros e quilômetros de barro... Remover... Espalhar... Toneladas de terra e sementes, aleatoriamente, no furor da multiplicação. Girar sobre a princesa em velocidade tão maior... E devastar a paisagem construída para que finalmente revessem tudo... // continua

segunda-feira, 13 de abril de 2009

O Mímico parte 3 // Mas não queria. No fundo sabia de si. Era um artista! Médicos fazem arte e colhem aplausos. Mas não seriam aqueles há enaltecer os anos e recordar a existência. Lamentava não ter investido nessa idéia de palcos e picadeiros, e calçadas e toda sorte de público! Iria Contrariar as expectativas da família. Mas... O que são os laços de sangue! Deus pai! Desenrolam e embolam todo o carretel das possibilidades. Quase sempre a preocupação desmedida com um futuro já resolvido, custeado, em nome da prole, torna-se o passaporte de teorias psicanalíticas e lugar garantido no divã. Tinha a plena certeza, e assinava embaixo. Prefeririam um maluco de branco, aos movimentos silenciosos, dignos de poucos. Afinal, se talento fosse coisa à toa, seria produto de supermercado ou importadoras... E arte ainda era, ali, sorte de quem não caminha... Pensava na cidade pequena, que tinha rio, pracinha e coreto. Quermesse e festa para santo padroeiro... E a boca muda, sem sorriso amarelo, tremia ao gosto da primeira lágrima salgada daquele dia. E olha que foram muitas. Talvez mais água que o rio pequeno da cidade menor ainda...

sábado, 11 de abril de 2009

... Lá onde tem clorofila que é verde.
E no fim da estrada que ligará a região noroeste ao Peru. Uma cidade reconstruída a cada novo pedaço soterrado. Lixo aberto, água insalubre. Um imenso “dane-se” sem antônimos instaurados. Com cara de índio andino, caboclo brasileiro, e toda sorte sul-americana... Ouro, ali, se carrega nos dentes...
Ouvi do barqueiro que era nortista da pesada que lá só se cria dono de máquina. Aquelas que chupam água e cospem argila! Ganhava o direito de pernoitar na embarcação pouco dimensionada, protegido por remendos de sobra plástica. Era o suficiente para o porre e algumas passagens pelos muitos bordéis da região.
Vai esconder o pinto no ralo porque aquilo lá nem Deus perdoa. Pensamentinho tosco... Mas se encaixa. E guardo o resto de percepção para reciclar outras letras. Sotaques, cores, formas ou o q valha a pena; sempre penso que estamos falando de gente, embora por vezes, ninguém mesmo acredite... //

sexta-feira, 10 de abril de 2009

O Tempo parte 6 /
Contudo, também o senhor tinha lá seus trunfos. Acreditava que sem platéia deuses se perdem. Decidiu pintar de cinza a paisagem, acimentar as cores nublando sucessivamente semanas inteiras.
Eram acúmulos de água potável que se desfazeriam sucessivamente. Quem soubesse da história choraria uma dor molhada. Rezaria para todos os santos! Precisava dar limites e do tempo, quem tentou correr, ficou pra trás.
Mas sabia bem do vento que num sopro de manhã, se bem quisesse, o encanto desfaria. Era simples. Bastava empurrar uma nuvem contra outra. Derreter a dor em chuva, provocar eletricidade. Sabia dar espetáculos, era ardiloso, não ruim. //
Carregava uma agonia que não sabia. Estava sempre correndo, levando, esbarrando, pra dizer que a vida era simples; Mas não sentia assim! Destelhava casas pra lembrar que todos respondem a mesma floresta, ou qualquer outro nome que se desse... E era ele o responsável por terríveis alegorias. Pequenos tornados, imensos furacões! Questionava a existência que em momento algum poderia ser compactada na palma das mãos. Muita coisa nessa vida não tem dono, tão pouco é palpável. Existe e responde com silenciosos movimentos... De atitudes por vezes muda... (Continua)

quarta-feira, 8 de abril de 2009

"... Por exemplo, se olharmos para as palavras... É possível interpretar seu significado de várias formas diferentes, incluindo as que se seguem: um arranjo de traços e espaços. Um grupo de letras. Um só nome. Uma referência a uma pessoa específica que conhecemos... Ou que não conhecemos... O interessante é que nenhuma das interpretações invalida qualquer uma das outras. Elas representam níveis diferentes de significado com base no contexto, que, por sua vez, se fundamenta amplamente na experiência". Sobre Yongey Mingyur Rinpoche
... O lançamento do livro infantil do genial Leonardo Boff "OVO DA ESPERANÇA - O sentido da festa de Páscoa"... Não é de chocolate mas acompanha perfeitamente bem... Justifica, sabe! Cheio de cor, explica o significado de toda esta movimentação. Não somente um feriado, mas um significado!

quinta-feira, 2 de abril de 2009

O Mímico (parte 2) // Mas os palcos e sua dedicação maldita. Tanto insistiu que surgiram oportunidades. Aqui e lá fora. Poderia guinar o destino no compasso da idéia. Poderia! Mas tinha suas fraquezas. Senzala de família que se confundia num vocabulário muito particular. Calado. E a lavagem vinha desde cedo, quando ouviu sem se lembrar que nascera para a clausura de um hospital. Praga covarde, que ofertava futuro bem remunerado. E no berçário choro é manifestação do primeiro sopro e nunca protesto indolor. Era convite de prefeitura. Terra pequena, mas de prosperidade. Longe à beça, e possivelmente, único cirurgião. Dinheiro forte pra gastar com poeira. Apostavam os mais velhos em boa economia, extrações de apêndices, pequenas suturas, e por vez ou outra um caboclinho arrebentado num destes acidentes de notícia...
O TEMPO parte 5 // Mas a paixão; Ah! A paixão! Agora o astro incandescente respondia a diáspora das incertezas humanas, daquilo que contradiz os parágrafos anteriores e ignora qualquer regra! Temia a sua intuição cedendo sem perceber ao desejo da grande conquista.
Descolorava o poente e o nascer seguinte. Sucessivamente, dia após dia. Por vezes sangrava de tal forma a paisagem que a pele rubra de padre implorava terra molhada. E tudo. Absolutamente tudo, nessa hora, respondia ao único astro que poderia colorir. E este, por sua vez, somente enxergava um sorriso vertical, que por vezes, parecia vela içada esperando o vento. Ou a calma que não possuía.
E por falar no vento... (continua)