sexta-feira, 30 de abril de 2010

Tatuagem

Sete arcanjos, sete... Quando percebi morava entre o sovaco direito do Cristo Redentor e uma senhora encruzilhada. Dupla! Privilégio! Cruzava a vista curiosa, minha fé e princípios. Pensava: um corpo que cai, a gravidade, os jardins suspensos...

E jurei que tatuaria um Santo Expedito se a filha de um melhor amigo nascesse em paz; E palavra juramentada em bancada de berçário é contrato sem rescisão. Aos anjos que me olham pedi licença e senti um perfume doce de vento. Aos meus guias do chão, com suas cores e espada, expliquei baixinho, fumando e buscando respostas nas formas que outra tragada desfazia. Ouvi um sorriso longe; de criança. Depois muitos! Então? Assim será, ou se bobear... Já foi.

Sobre Santo Expedito sabe-se pouco. O nome advém de expedicionário. Na imagem que penso a cruz erguida eleva minha respiração a uma paz de sintonia única. Queria tê-lo cumprimentado. Converso, e, quietas, minhas pendengas esvaziam o pote. Ninguém! Fosse qual fosse à crendice, munido de perfeito juízo, teria saco para meus imensos discursos silenciosos. Se por acaso o leitor é meu amigo ou parente próximo, agradeça durante um minuto inteiro a paciência do santo depositada nessa fé. Sugeriria na seqüência um Pai Nosso e uma Ave Maria. Elevando uma natural verborragia as orelhas do divino. Sobram horas inteiras para mazelas e futebol...

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Para Mario Quintana //

Eles passarão... Mario passarinho

E eu, quieto feito flor,

Cumprimentarei os dois...

Na paisagem da PÁGINA seguinte...

terça-feira, 27 de abril de 2010

Haverá sempre um lugar... Seja bem-vindo!
O homem velho // Um homem velho acordou // E foi colher uma flor // No jardim de São Francisco // Ouviu uma voz: meu senhor // Cada estrela é uma flor e a raiz o edifício. // Porque ao invés da terra é nuvem // Por detrás do céu tem casa // Pode ser chuva o que cai // Ou poderia ser lágrima. // Depende onde a lente alcança // O que sem óculos avisto // Porque o vento é meu velho // Atrás da flor de São Francisco. //

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Uma homenagem retirada de um livro que "num" publiquei // 7. Dorival // Foi-se Dorival. Com bigode de biografia e olhos de Iemanjá. Parecia cortejar o mar da fotografia de uma Bahia enluarada. E vivia da preguiça com argumento de doutor. Ah! A necessidade do compositor de embebedar as idéias. Transgredir sociabilidades através de canções que notoriamente acabam por compor junto, costumes e vestimentas... Os movimentos.

E lá, já se ia, à canoa de violão e madeira nobre. O mundo saberia dele muito antes dos adventos da computação. Seria imensa a parte de todo um século dedicada à explicação cantada do povo e suas alegorias... E um sorriso largo, mexendo os pêlos que torneavam a boca até o fim do espetáculo.

E todos os filhos, e filhos dos filhos. Todos, passarinhos! Sempre honraram o sobrenome, com grande projeção. A canção! Era uma sensação de euforia harmônica colorindo poesia singela. De doce confeitado de brigadeiro, já parido gostoso, independente do resto...

Sobra preciosa das horas de contemplação! Fosse à pescaria que chega, ou o barco que vai. Toda lagoa era linda e cristalina. E toda água salgada era dela. As lavadeiras e jangadas, e toda a paisagem que não saia da concha. A beleza e seus moldes de índio. Nunca deixaria de exaltar o que a vista pintava de guache. Cantava a praia como quem agradecesse cada grão. Sempre pensei nisso, quando entornava ouvido adentro seus vinis! Ele percebia o céu de todo! E parecia compor para explicar o que se deveria sentir de brisa, de ventania; da vela indo... Sinalizava o caminho que se escondeu.

E matava a nossa saudade de amor antigo e fidelidade. Do chão que trocou pelo Rio de Janeiro. Da única esposa que amou até a morte.

E Carmem Miranda, a portuguesa com alma brasileira, cantava Dorival... E o mundo depois repetiria Carmem...

Faltava no ensejo do nome dela, criar a primeira ópera popular, com tecnologias que captem o desfazer da espuma salgada, flerte de tatuis, e passos de caranguejo... Isso combinaria...

Por mais alucinada que pudesse ser a imagem, representaria bem o espírito do homem! O que era sagrado de simples para apontar.

Sempre acreditei que suas letras revelavam isso, na procedência das entrelinhas... Repara só!

sexta-feira, 23 de abril de 2010

SALVE JORGE... MUITAS VEZES!
Uma homenagem a Suzana Flag, que era outro... O Anfitrião // Lá estava ele, impávido e elegante. No fundo odiava comemorações, mas era de praxe as festas homéricas que há décadas pertencia à tradição do sobrenome. Olhava de longe com o espírito entristecido. Disfarçava com tatuagem de sorriso estampada no rosto ova lado; Do norte Sobraram somente traços. Cabeça chata num tem remédio e não interessavam as lembranças distantes; Era a redoma em que crescera. E fazia tempo, muito. Era a mesma cobertura dos anos quarenta. Um aquário de vidros espessos, italianos e proporções animalescas. Amor à primeira vista da janela que alcançava cento e oitenta graus de paisagem. Uma Copacabana internacional. Não era! O pai tinha bom gosto com certeza. Mas a vida, na sua constância, todos os dias vinte e quatro horas... Não era! Outrora; Contas bancárias abastadas e milagres brasileiros. Já Nascera com muita grana e pouco se importava com o social. Perdera os pais, era filho único, assexuado diziam. O único relacionamento significativo teria sido um adido em Singapura. Seria a empáfia no cume da solidez não fosse à velha. Sabida a partir de agora... A narrativa se rende àquela que se tornaria a protagonista do filme que nas páginas de um livro se desfaz e vira outra coisa. O que se entende ou se quer. O que o espírito vê sem olhos, mas dele se aproveita sob a indicação das letras. Era negra de piche e baixa estatura. Viveria na incumbência de cuidar do infante. Se ganhava bem ninguém nunca pôde afirmar. Mas promessa tem que ser cumprida. Era contrato amarrado no cartório do divino espírito santo. Batera à porta da família pedindo pão e trabalho a matriarca. Percebera nos olhos dela um coração simples, honesto. Naqueles tempos isso bastava. Era assim. A senhora Freqüentava a igreja com assídua pontualidade e o filho chegara a exercer funções de coroinha. Cantava em latim e comprava hóstia na padaria. Era o vinho sagrado diluído em todos os excessos. Fora as cadelas, TODOS deveriam partilhar à mesma devoção. Cumprida a exigência litúrgica, só festa. Generosa. Isso era! E como! Toda essa história também poderia começar aqui! Mas acidentes são Imprevisíveis! Numa noite descabida entrara com a testa no poste da Nossa Senhora com a Rua Miguel Lemos. Tropeçara na própria pressa. -Dane-se, dane-se o Miguel. Nossa senhora poderia ter prorrogado o prazo dela! Incauto, o pinguço gritava aos ventos. Testemunhara na DP que era bela a criatura! E era! Parecia azar encomendado. Não fosse um ônibus desavisado prensar o último talo de fuselagem e a reciclagem do acaso poderia ter sido outra. Batata! Caixão fechado. Cada um tinha sua hora e jogaria flores no mar e cuidaria do menino e eram tantas as providências... Uma vida inteira! (continua)

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Glauber //

Acorda, acorda!

Deus e o Diabo na terra do sol

ainda caminham em preto e branco //

Francamente gostaria de ter tomado uma biritinha com um escritor baiano, que afirmo apenas ter possuído penugem abaixo das narinas que naturalmente eram duas na tentativa de obter explicações desaceleradas e definitivas sobre alguns fatos que não considero de total irrelevância.

...Começaria argüindo o porquê do cafezinho com bolo de fubá fazer mais falta que lagosta. À Tardinha, por aqui, não costuma ter crustáceo e acredito ser assim em quase todas as regiões. No meu senso pessoal, a resposta foi quase unânime. Ou será que somente ando com pé descalço? Ou não seria a conversa, antecessora ao hábito alimentar, propositora da mesa redonda nossa de toda santa refeição...

Seriam esclarecimentos em tempo real, previsíveis e aumentados por monóculo de privilegiado critério. Perdurariam no meu HD pessoal. Transcreveria teorias de monte.

Quem sabe talvez, relatasse o entrevistado que a tradição dali adorna a pressa, em crítica profunda e contumaz. O que é sua lentidão... Conheço essa praia... Confundo no... Fundo...

Atingir os avanços tecnológicos e é percorrer um caminho sem fim. Amanhã tudo mudou. Tudo, tudo. Ou melhor, depois que o caríssimo leitor terminar por finalmente compreender que o verbo avançou no tempo do relógio digital e já foi!... Acabou o manual...