sexta-feira, 23 de abril de 2010

Uma homenagem a Suzana Flag, que era outro... O Anfitrião // Lá estava ele, impávido e elegante. No fundo odiava comemorações, mas era de praxe as festas homéricas que há décadas pertencia à tradição do sobrenome. Olhava de longe com o espírito entristecido. Disfarçava com tatuagem de sorriso estampada no rosto ova lado; Do norte Sobraram somente traços. Cabeça chata num tem remédio e não interessavam as lembranças distantes; Era a redoma em que crescera. E fazia tempo, muito. Era a mesma cobertura dos anos quarenta. Um aquário de vidros espessos, italianos e proporções animalescas. Amor à primeira vista da janela que alcançava cento e oitenta graus de paisagem. Uma Copacabana internacional. Não era! O pai tinha bom gosto com certeza. Mas a vida, na sua constância, todos os dias vinte e quatro horas... Não era! Outrora; Contas bancárias abastadas e milagres brasileiros. Já Nascera com muita grana e pouco se importava com o social. Perdera os pais, era filho único, assexuado diziam. O único relacionamento significativo teria sido um adido em Singapura. Seria a empáfia no cume da solidez não fosse à velha. Sabida a partir de agora... A narrativa se rende àquela que se tornaria a protagonista do filme que nas páginas de um livro se desfaz e vira outra coisa. O que se entende ou se quer. O que o espírito vê sem olhos, mas dele se aproveita sob a indicação das letras. Era negra de piche e baixa estatura. Viveria na incumbência de cuidar do infante. Se ganhava bem ninguém nunca pôde afirmar. Mas promessa tem que ser cumprida. Era contrato amarrado no cartório do divino espírito santo. Batera à porta da família pedindo pão e trabalho a matriarca. Percebera nos olhos dela um coração simples, honesto. Naqueles tempos isso bastava. Era assim. A senhora Freqüentava a igreja com assídua pontualidade e o filho chegara a exercer funções de coroinha. Cantava em latim e comprava hóstia na padaria. Era o vinho sagrado diluído em todos os excessos. Fora as cadelas, TODOS deveriam partilhar à mesma devoção. Cumprida a exigência litúrgica, só festa. Generosa. Isso era! E como! Toda essa história também poderia começar aqui! Mas acidentes são Imprevisíveis! Numa noite descabida entrara com a testa no poste da Nossa Senhora com a Rua Miguel Lemos. Tropeçara na própria pressa. -Dane-se, dane-se o Miguel. Nossa senhora poderia ter prorrogado o prazo dela! Incauto, o pinguço gritava aos ventos. Testemunhara na DP que era bela a criatura! E era! Parecia azar encomendado. Não fosse um ônibus desavisado prensar o último talo de fuselagem e a reciclagem do acaso poderia ter sido outra. Batata! Caixão fechado. Cada um tinha sua hora e jogaria flores no mar e cuidaria do menino e eram tantas as providências... Uma vida inteira! (continua)