quarta-feira, 30 de junho de 2010
A Senhora das Ervas
... Sua função era varrer e limpar as ervas, que seriam usadas; e manuseadas para as refeições. Praticamente fazia isso todos os dias. Eram horas para limpar adequadamente cada tipo...
Sobre sua idade, nem ela mesmo sabia. Respondia pelo nome simples de Nanê. Dizia ter visto a troca de cinco reis. Calculava-se sua idade em mais de cem anos. Só na família somavam cinqüenta deles. Mas ali o tempo é outro, e suas considerações também. Cuidara dos quatro filhos da primeira esposa e dos quatro, da segunda...
... E o verbo empregado naquele lugar tinha o peso do conhecimento, da cultura falada, repassada; dos mais velhos aqueles que a carregarão; como toda tribo, toda reminiscência, que não foi corroída. Só entende isso país de história velha... Achava que ela dizia isso...
... Durante todos aqueles anos, não havia aprendido o farsi, que é o idioma oficial do Irã. Quando chegara a capital com a família, era analfabeta. Nascera possivelmente em Tabriz, ao norte; fronteira com a Turquia. Não sabia das letras. A comunicação mesclava o dialeto à língua e gestos; E era assim que organizava a casa...
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quinta-feira, 24 de junho de 2010
... E o pai desse universo velho, até então mais velho ainda, agonizava a dor dos sábios. A dor científica dos que enxergam pelas lentes do tempo. O pai do universo era o Tempo! Voavam horas descompassadas, sem asas, com pressa. Horas modernas controladas pelo rojão dos afazeres, dos fatos, das informações. Pressa! O senhor de tudo, tinha a pressa de um relógio sem ponteiros.
ERA UMA VEZ O TEMPO QUE ERA O PAI DO UNIVERSO, QUE PRECISAVA ESCURECER A NOITE, ACENDER O DIA E ILUMINAR FORMIGAS QUE Andavam DE SAPATO...!
terça-feira, 22 de junho de 2010
Pensassem vocês que todos daquela vila sabiam dele estariam enganados. Optara pelo isolamento por vontade própria. Em função das circunstâncias! Dizia que transformaria o surto
Depois disseram que era de uma sensibilidade ímpar capaz de enxergar o que os outros não sabiam. E falavam que entoava cânticos que acordavam rosas. Quase que cadenciadas as informações se adiantavam e velozmente eram percebidos seus efeitos...
Certo sujeito passou a caminhar todos os dias. Era negociante e acreditava que se visse aquele homem teria sorte nos negócios. Outro se banhava nas cachoeiras de baixo quando o outro mergulhava; em cima! Acreditava ser quase benta toda água que a pedra despejasse. Era um santo que nadava!... Outro não chegou até lá, mas num sonho ouviu as preces e curou o espírito de não sei qual mau pressentimento. Era notícia numa cidade quase diminuída de tão pequenininha... E passavam estrangeiros com suas versões apalavradas em banco de igreja.
Chegavam de todos os cantos versões do mesmo enredo do homem, da cura e do poder de uma fé muda, acompanhada de longe por um maltrapilho que não sabia de nada e somente achara uma forma de fugir do hospício estadual...
Tantas eram as mesmas novas que a história envelhecia na metade do caminho... Falou-se muito até que anunciada fora a morte do dito. Alvoroço a parte foram conferir os ossos. Fêmur exposto, juntas, vértebras, caixa craniana. Encontraram a cabana de madeira simples, uma cama e poucas panelas velhas. Sobre o passado alucinado ninguém lembrava mais. Não havia registros naqueles interiores e o nome agora era segredo guardado nos arquivos de Deus. Falaria com o pobre as profundas orações...
Honraram aquele homem de longe sem degustar o risco sonoro da palavra falada!... Saudaram e acreditaram num santo sem voz que ecoasse idéias!... Disseram que o turismo local hoje recebe gente de todos os lugares. A cabana fora promovida a museu e os ossos cremados e transformados em cinza que enchiam frascos pequenos e suspeitos de milagres...
quinta-feira, 17 de junho de 2010
Sobre a cultura Persa... O Mercado
...Todo tipo de gente, tecido caro e roupa puída de pano velho; toda sorte de especiaria e todo ato de barganha; é tradição anunciar sua oferta. Ou renegociar. Como se fizesse parte de uma ritualística persa atingir o que faça ambos sorrirem e prenuncie boa negociação. Unânime coro de costumes, e cheiros; todas “quinquilharias” que pudesse remeter o leitor aquelas vistas; até vento pede passagem na multidão. Com sabor de canela, cravo, noz moscada e cheiro de suor e tempero forte e tudo o que possa chegar dos arredores que podem ser muito longe. Parece parado no tempo o mercado; exatamente como na antiga mesopotâmia...
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