quarta-feira, 22 de abril de 2009

O Mímico parte 5 // Nublado fora o dia da partida... E a cidade , bem se sabia, era mesmo pequenina demais. Se bonita? Não posso creditar tanto entusiasmo. Mas sua gente simples, de pensamento estreito, sabia com rigidez manter a liturgia do dia a dia... Tinha igreja grande com praça e coreto e bicicleta voando feito passarinho porque criança não tem hora e o sino avisava. Por isso pulso também não tinha relógio. Era casa e pipa a perder de vista e um perfume de mato constantemente sentido por um corredor de vento que não sossegava nunca... E as margens do rio grande o único hospital da região... Arrumado sim! Organizado era pelas freirinhas de Santa Rita. Irmãs que há décadas se entregavam ao próximo. Confortavam doentes na última cidade do lugar mais distante que já estivera... Sem dúvida um diferencial existia naquele lugar! Além de profissionais escolhidos em concursos e muito bem remunerados, a palavra de Deus praticada, e o sorriso de marfim machucado no semblante daquelas senhorinhas vendiam a boa imagem e complementavam a função daqueles renomados doutores... Mas era lindo vê-las sorrir! Há tempos perderam qualquer dúvida sobre o sentido da profissão comum. Ou mesmo adereços de responsabilidade. Era a palavra sagrada. As senhoras de Nossa Senhora! E o sentido de vidas inteiras, colecionando uníssonas orações que repetidas adentravam todas as manhãs... // Continua