sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Anda irmão. Navega!... Se as pernas não correspondem faz o cérebro correr... Faltam grãos num planeta acelerado. Pensaram em tanta coisa! Chegaram em tantos lugares... Mas faltam grãos num planeta acelerado. Sua participação tornou-se fundamental. Assim caminhou o tempo. Não há lugar para espectadores mas, somente, cidadãos atuantes... Do mundo q falava Brech e todos os pensadores...
1 ano novo perfeito... 1 ano velho de reflexão... Selecionar aquilo q repetimos e... Transformar o resto. Sem medo ou pena de ser feliz...

Mas todo mangue também é ninho. Infestado de mosquitos e muriçocas alucinadas. Quando percebemos que o contato físico soa repugnante e o ar periférico parece ruim, não realizamos que a lama esconde um imenso berço. Um útero natural parindo vida em sincopada velocidade. O milagre dissipado de milhares. Ninguém é de todo bom ou ruim... Nem ele. Nem assuntos. Nem pessoas ou lugares...

Achei q esse tx teria a ver c o fim do ano... E o começo do outro...

Era uma vez o tempo... Como toda história... Era uma vez //

O pai do universo era o tempo. Dono de cada passada de ponteiro, de cada movimento, dos ciclos e estações. Empurrava os dias, os meses e anos Rotulados em caixas enumeradas. E tinha todas as formas e braços de senhor.

Cabelos de clorofila cobririam colinas, florestas. Água. O suor de tanto trabalho escorria e virava cachoeira, rio, fonte. O mar, a grande lágrima de sal, chorava as coisas de passagem. A prole. Cada filho. Todos eles! Parentes e contra – parentes, farfalhando o quadro negro de um céu anoitecido. De alguma forma poliglota, tudo provinha do mesmo lugar. Os conceitos de vida comum, e família, eram facilmente identificados. Por mais diferentes que os costumes fossem, na constância natural da evolução, era a vida em movimento.

Por isso à tardinha o céu multicolorido desbotando tons de vermelho, transformava o laranja e o lilás. À cor universal dos homens, em silêncio, anuncia suas verdades e acalantos. A cor que mina da pele e jorra por dentro. O vermelho! Depois as estrelas. Fósforos paralisados acendendo o negrume de um céu sem nuvens.

Estrela cadente, incandescente, meu pedido te pertence. O sol vermelho, aprisionado no espelho, é poesia de presente.

NOSSA HISTÓRIA GIRA EM TORNO Da TERRA QUE GIRA...

Se por um lado tudo podia impossível seria conter o rumo da história. Sobre o destino? Perdera a língua na curva dos acontecimentos e agora semeia presságios e reza a oração dos justos. Onde buscam a água bebem o invólucro! Os homens como plantas parindo oxigênio provêem de rachaduras e rompem o todo louvando uma vida exagerada, exagerada, exagerada... Custe a quem custar.

A terra, por quem derramara sua infinita generosidade... Parecia sombrear a paz, sem percebê-la; no escuro. Era como dormir de olhos abertos.

E a terra pobrezinha, maltratada por formigas civilizadas no fundo sabia que o futuro jaz seria; Um retorno; Não haveria espaço para tantos encanamentos, tantas estruturas. Era inevitável sinalizar a época das flores, do frio; casacos de lã eram confeccionados ao sopro de um outono cada vez mais tímido. O inverno, ancião egoísta, era cruel e implacável. Chegaria cada vez mais violento. Por isso era preciso ser transparente. Apontar as estações que praticamente já não eram quatro. Somente duas! O calor sertanejo não diferenciaria o perfume das flores ou o sopro do outono; ou tudo muito quente ou muito frio... A terra sabia disso.

Tinha uma certeza feminina, maternal. Há milhões de anos se partira em pedaços, retorcendo, criando veios, transformando montanhas inteiras, rompendo oceanos e água potável. Adaptava seres e formas. Era mãe, coração fácil de enganar.

Porém... Há um, porém! Muito vivida àquela senhora, apesar de nova. Para o universo, milhões de anos não se estendem mais que um fim de semana trivial. Mas, ainda assim... Eram milhões de anos.

E o pai desse universo velho, até então mais velho ainda, agonizava a dor dos sábios. A dor científica dos que enxergam pelas lentes do tempo. O pai do universo era o Tempo! Voavam horas descompassadas, sem asas, com pressa. Horas modernas controladas pelo rojão dos afazeres, dos fatos, das informações. Pressa! O senhor de tudo, tinha a pressa de um relógio sem ponteiros.

ERA UMA VEZ O TEMPO QUE ERA O PAI DO UNIVERSO, QUE PRECISAVA ESCURECER A NOITE, ACENDER O DIA E ILUMINAR FORMIGAS QUE Andavam DE SAPATO.

Deveria conter esse ódio nuclear. Investimentos milionários que travestiam a própria miséria. Fortuna suficiente para fomentar a paz em qualquer parte, qualquer continente. O planeta azul geóide circundado por... Lixo!

E lá se vão pagãos da alma universal. Derretendo geleiras, assoreando rios. Eram amantes da própria desordem. Mas pagariam maltrapilhos e afortunados. As sobras seriam saqueadas por quem pudesse. É como se as mãos do cangaceiro Virgulino novamente sangrassem a caatinga e escorresse seiva terra afora.

Não sabiam os astronautas quão negros eram os inacessíveis buracos ou as profundezas de cada um. Sabiam apenas que a princesa era azul. A certeza caminhava sob os pés de quem estava onde se via. Via Láctea, via satélite. Contemplavam com conhecimento de causa a tela pintada por um deus artista. Chorariam dentro de suas armaduras. Pobres homens astronautas Somos nós!

Mudar costumes, hábitos. Gerações e gerações. É como se as necessidades não fossem indivisíveis e comuns àqueles que compartilhavam oxigênio e pisam o mesmo chão. As máquinas ruminando horas de combustível químico obedeciam às diretrizes dos que não se importavam. Moradias amontoadas. Eram latifundiários da própria cova remendando o Tempo. Novamente e sempre. Inevitável senhor de tudo. O TEMPO!

Artérias de cobre danificadas, plastificadas, remendadas pelo desejo insalubre de seus fundadores.

Para uns, desprezar a matéria e tudo aquilo que não se compra era tarefa impossível. Talvez uma pequena... Maioria...

Mas seriam então inabaláveis. Pensava com solidão de eremita o dono de tudo. Irmãos? Cuidariam da princesa que girava quase imóvel. Eram tantos os afazeres! Lustrar os anéis de Júpiter, o carmim de Marte e todos os lugares. Existia uma função em cada pedacinho de céu. Mas a terra não era um lugar qualquer. Todo canto, tem um canto, e toda noite uma estrela. Se não dá pra ver, fecha os olhos que aparece...

Sol e lua e fogo e água, mesmo que salgada, escorrida dos olhos de pedra daqueles que perpetuavam o descompasso. E era uma lua doce. Dona da noite desses mortais que deveria compreender! A herança progressiva de acontecimentos modernos parecia surtir efeitos contrários. A ferrugem do tempo corroído pelas suas maiores promessas. Os homens...

Foram passando meses, anos, décadas sem ponteiros.

O sol com a fúria marcial de um deus índio percebia a lua cozendo estrelas que desapareciam sucessivamente na vermelhidão de todo dia. Quando aqui noite fosse, do outro lado, não mais seria.

Aos poucos – e isso não se contava - sucumbiria ao prateado lunar. Quem poderia imaginar? Tão pequena era a irmã. Tão serena. Despertara silenciosa, o amor do maior de todos os astros. Era um sentimento quase humano e nessa história, cheia de deuses, indigno. E por motivos que jamais nos caberão! Há centenas de séculos atrás, a terra congelada provara o gosto da distração do astro rei. Um desastre, ou melhor, uma imensa transformação com óbitos gigantescos de dinossauros.

O que poderia o Tempo, senhor todo poderoso, fazer? Perdoar algozes como quem renega a própria imagem. E Isso era Deus Proteger quem bate e florescer caminhos. Tudo muito difícil para nós. Éramos muitos, e, tal qual formiga, canibalizando culturas, dicionários, bandeiras.

Eram irmãos da criação e parte de um todo que se movimentava lentamente, imperceptível. Ao longo da jornada a vida passava dentro da astrologia de cada um. Alterar planetas seria ceder, ao destino que a cada um coubesse.

Mas a paixão; Ah! A paixão! Agora o astro incandescente respondia a diáspora das incertezas humanas, daquilo que contradiz os parágrafos anteriores e ignora qualquer regra! Temia a sua intuição cedendo sem perceber ao desejo da grande conquista.

Descolorava o poente e o nascer seguinte. Sucessivamente, dia após dia. Por vezes sangrava de tal forma a paisagem que a pele rubra de padre implorava terra molhada. E tudo. Absolutamente tudo, nessa hora, respondia ao único astro que poderia colorir. E este, por sua vez, somente enxergava um sorriso vertical, que por vezes, parecia vela içada esperando o vento. Ou a calma que não possuía.

E por falar no vento;

Contudo, também o senhor tinha lá seus trunfos. Acreditava que sem platéia deuses se perdem. Decidiu pintar de cinza a paisagem, acimentar as cores nublando sucessivamente semanas inteiras. Eram acúmulos de água potável que se desfazeriam sucessivamente. Quem soubesse da história choraria uma dor molhada. Precisava dar limites e do tempo, quem tentou correr, ficou pra trás.

Mas sabia bem do vento que num sopro de manhã, se bem quisesse, o encanto desfaria. Era simples. Bastava empurrar uma nuvem contra outra. Derreter a dor em chuva, provocar eletricidade. Sabia dar espetáculos, era ardiloso, não ruim.

Carregava uma agonia que não sabia. Estava sempre correndo, levando, esbarrando, pra dizer que a vida era simples; Mas não sentia assim. Destelhava casas pra lembrar que todos respondem à mesma fauna, floresta, ou o nome que se dê. Era o vento responsável por terríveis alegorias. Pequenos tornados, imensos furacões. Questionava a existência que em momento algum poderia ser compactada na palma das mãos. Muita coisa nessa vida não tem dono, tão pouco é palpável. Existe e responde com silenciosos movimentos de atitude muda.

Mas, já que nem visível era, portanto. A nada pertenceria. Não se pode responder ao que não se vê. Jamais perdoaria o Pai de tudo, pela mal entendida falta de forma. Qual motivo haveria? Dentro de uma interpretação extremamente particular, julgava-se menor. Defeito de fabricação! Queria ver plantar tudo isso, dizia para si. Quilômetros e quilômetros de barro em copas. Queria ver. Espalhar toneladas de sementes aleatoriamente, no furor da multiplicação. Girar sobre a princesa em velocidade tão maior e devastar a paisagem construída para que revessem tudo... //

Amava e odiava formigas de sapato. De onde vinha o amor daquele Pai? Filho de vento é brisa que nem pétala derruba... Onde morava o sentimento que não entendia?

Pudera saber que um Deus maior precisasse de tantos outros. Que o planeta e suas bandeiras colecionavam nações inteiras subdivididas em tribos, que por sua vez se diminuíam e progressivamente, se reuniam em mapas perenes. Que a compaixão estagnada era a bússola de um universo fora da validade, estragado, sujo. Que a vida prenunciava uma nova ordem. E o mito de cada, força motriz desde que percebida fosse a importância do outro... Mito... Troço que precisa de dono. E só míope, não poderia ver tudo isso... Se cada alma falasse talvez o caos se tornasse um caso à parte...

Foto Nanda Scarpa / 8 – Faz parte das comemorações de fim de ano... Me pediram para p esse tx...

Mãe Linda //

Mãe Linda nasceu perto do mar. Tinha os olhos da mãe de todas. Um verde azulado que sorriam quase fechando, e dava bom dia, porque todo dia era bom! Diziam na região, que quando olhou o lago pela primeira vez, o barro arriou e tudo a volta ficou transparente. Mas era do outro lado da península que fizera casa. Perto do mar, na frente dele. Vivia de branco e laranja. Traços finos e nariz arrebitado. Era de Oxum, mas nadava nas águas de Iemanjá!

Para os homens da região, escultura intocada e benção divina. Lágrima derramada de uma áfrica generosa; Chororô de filho velho que pendia de colo e aconchego. E eram muitos... De todas as cores e credos. Até beata se curvava quando Mãe Linda Passava...

E cumprimentava a realeza, de uma terra que não caminhava, a beata feia e enrugada, de timbre estridente. Senhorinha que falava arredondando o “R”, em nome de um Cristo que só existia na cabeça dela, diluído em bíblias traduzidas e tecido adiposo. Jesus, o homem. Cristo, o Deus. O homem de Deus nunca renegaria a boa fé. Viesse de torres ou terreiros!

Isso dizia Mãe Linda. A beata que temia Deus e por isso se ajoelhava, cumprimentava. Por respeito, ou medo, dos céus, ou lá do que. Naquelas bandas não se criava quem entortasse o tempo quando ela passasse. E era linda, uma alegoria intocada, empurrando o vento, limpando o céu enuviado de cabeça torta. Estrelando o negrume do tempo que nunca era feio. A terra precisa beber... Dizia... Água de esmeralda, quando batia no sal. E era tudo o que se via...

E quando a noite acalma, e Oxum sussurra brisa, é porque tá guardando a luz alaranjada de sol atrás das nuvens, como criança com boneca. Que acorda com riso de que a vida continua...

Busco um pai num céu de estrelas // pra justificar meu desamparo // uma aresta ou um aro // que me dê a sensação de colo // que minha mãe me dava // quando voltava pra casa // Ah! Ah! // quando voltava pra casa.

E puxavam o arrastão, com calo de pescador... Um negro entoava o que a massa repetia. Louva a mãe, a pesca vem. E o Pai que com ela conversava... Rezavam em silêncio, e eram todas as esposas daquele lugar. E puxa, puxa... A rede tem que ser recolhida antes da maré subir...

Nunca soube ao certo aonde era. Nunca! Um sonho quase difícil de não parecer verdade... Quando a vi pela última vez, acordei sem querer. O mesmo sorriso de sempre prenunciando um dia bom. Fosse todo, ou somente uma parte dele, seria. Com cheiro de café e dentes de giz, que o mesmo melhor amigo me disse. - Olha as flores! É minha mãe!

E todas que acalentam o sono, e a criança da criança que adormece durante a calmaria de um oceano inteiro. O velho que deixava de ser pai e tava longe. E o outro cantado, com palavras de mãe...

Antes de dormir pedirei por empréstimo os raios dourados de Oxum e um sono silencioso. Se não for demais, um espelho cristalino, tão grande, mas, tão grande, que suas mãos entornarão ondas suficientes para inundar o sonho de nunca mais acordar, desacompanhado de paz...