quinta-feira, 11 de junho de 2009

Silêncio // Ah! Já fora silencioso e bucólico o bairro do Jardim Botânico. Apesar de uma desenfreada e inevitável tendência a pólo gastronômico, sofrem os que como eu, trocam madrugadas pelo dia na tentativa de burlar as normas e “reproduzir” silêncio... Não bastassem guardadores de carro garantindo aos berros vagas, temos o prazer de contemplar o mais novo exercício de cidadania. Bonificar o funcionário público com indeferível direito de enquanto exposto ao exercício da profissão, ou melhor, da construção, ouvir aos berros qualquer estação ou transmissão de rádio... Qualquer hora!... O vigia noturno ensaiava um passinho e acompanhava as últimas tendências eletrônicas através das caixas de som do carro de um carinha dependurado no alto de um poste. Enquanto remendava um sinal e cumpria sua função, chacoalhava a cabeçinha pequena. Passarinho canta, não aumenta o volume. Inventaram uma porra pequenininha chamada ipod e tem outra das antigas chamada radinho de pilha. Quem sabe do Maracanã... Enquanto isso, quase todo dia, uma nova batida, debaixo; do mesmo poste. A pressa de se viver com pressa, sabe?... À noite reformas num banco que é único. E nenhum vizinho faturou com a lei do silêncio! Meses! Do privado ao público, a privada novamente. Mania essa da classe mediana em se calar. Notas de jornal quase nunca dão endereços... E beberam soda cáustica na Rua Maria Angélica, numa filial de um restaurante japonês caríssimo... Partindo da premissa de que nomes não devem ser revelados, dou uma pista e apenas garanto que aqueles não andavam “na Kombi”, mas de importados somente! Era garrafinha de água mineral com rótulo francês... A vítima, um sinhozinho, só largou o frasco na mão da polícia e dentro do hospital queimado da boca ao umbigo, por dentro e por fora. Era advogado dizem. Sabia das regras! Contam ainda que a geba foi tão grande que o japoronga, ou o dono, se picou para a matriz da Tóquio brasileira chamada São Paulo ingressando posteriormente na máfia local. É isso aí... Tomou nos cru! Era de peixes, comentaram... Sensível paca...