sábado, 25 de julho de 2009

7 Dorival... Foi-se Dorival. Com bigode de biografia e olhos de Iemanjá. Parecia cortejar o mar da foto de uma Bahia enluarada. E vivia da "preguiça" com argumento de doutor. Ah! A necessidade do compositor de embebedar as idéias. Transgredir sociabilidades através de canções que notoriamente acabam por compor junto, costumes e vestimentas... Os movimentos. E lá, já se ia, à canoa de violão e madeira nobre. O mundo saberia dele muito antes dos adventos da computação. Seria imensa a parte de todo um século dedicada à explicação cantada do povo e suas alegorias... E um sorriso largo, mexendo os pêlos que torneavam a boca até o fim do espetáculo. E todos os filhos, e filhos dos filhos. Todos, passarinhos! Sempre honraram o sobrenome, com grande projeção. A canção! Era uma sensação de euforia harmônica colorindo poesia singela. De doce confeitado de brigadeiro, já parido gostoso, independente do resto... Sobra preciosa das horas de contemplação! Fosse à pescaria que chega, ou o barco que vai. Toda lagoa era linda e cristalina. E toda água salgada era dela. As lavadeiras e jangadas, e toda a paisagem que não saia da concha. A beleza e seus moldes de índio. Nunca deixaria de exaltar o que a vista pintava de guache. Cantava a praia como quem agradecesse cada grão. Sempre pensei nisso, quando entornava ouvido adentro seus vinis! Ele percebia o céu de todo! E parecia compor para explicar o que se deveria sentir de brisa, de ventania; da vela indo... Sinalizava o caminho que se escondeu... E matava a nossa saudade de amor antigo e fidelidade. Do chão que trocou pelo Rio de Janeiro. Da única esposa que amou até a morte. E Carmem Miranda, a portuguesa com alma brasileira, cantava Dorival... E o mundo depois repetiria Carmem... Faltava no ensejo do nome dela, criar a primeira ópera popular, com tecnologias que captem o desfazer da espuma salgada, flerte de tatuis, e passos de caranguejo... Isso combinaria... Por mais alucinada que pudesse ser a imagem, representaria bem o espírito do homem! O que era sagrado de simples para apontar... Sempre acreditei que suas letras revelavam isso, na procedência das entrelinhas... Repara só!