quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Repeteco // Ah! A tecnologia. Pensei noutro dia como eram deliciosas as antigas revistas que expunham fotografias de mulheres sem roupa. Não havia recursos, mas defeitos. Eram mu-lhe-res nuas, não bonecas. Defeitos de fabricação necessários para tornar a imagem real, e saborosa. Era o chumaço da cicrana, a gordurinha da outra, ou peitos descompassados e que valem o preço. Realidade! Pagava-se a real, pelo real; elas por eles. Aquilo que se via, por mais que batidos fossem os truques: levanta os braços pra não ter avalanche, ou morde os lábios que herpes em boca pequena não dá. Era a infidelidade visual, não a idealização do outro. O defeito contornava o resto, excitava, provocava o comentário e por aí vai... E pensei na morena de Bukowski, que escrevia sobre ele mesmo, e pronunciava debruçado na mesa do bar, que nunca em toda vida contemplara tamanha beleza de mulher. Nunca! E assim correu uma noite inteira... Ouvira a criatura que, num súbito rompante, cravara as unhas vermelhas no rosto! Enquanto rasgava a pele, perguntava se ainda era a mais bonita? No capítulo seguinte, como em tantos outros, amanhecia o escritor que era ele mesmo, vomitando o resto do que não se lembrava!...