terça-feira, 8 de junho de 2010

Sobre o vento ... Carregava uma agonia que não sabia. Estava sempre correndo, levando, esbarrando, pra dizer que a vida era simples; Mas não sentia assim. Destelhava casas pra lembrar que todos respondem à mesma fauna, floresta, ou o nome que se dê. Era o vento responsável por terríveis alegorias. Pequenos tornados, imensos furacões. Questionava a existência que em momento algum poderia ser compactada na palma das mãos. Muita coisa nessa vida não tem dono, tão pouco é palpável. Existe e responde com silenciosos movimentos de atitude muda. Mas, já que nem visível era, portanto. A nada pertenceria. Não se pode responder ao que não se vê. Jamais perdoaria o Pai de tudo, pela mal entendida falta de forma. Qual motivo haveria? Dentro de uma interpretação extremamente particular, julgava-se menor. Defeito de fabricação! Queria ver plantar tudo isso, dizia para si. Quilômetros e quilômetros de barro em copas. Queria ver. Espalhar toneladas de sementes aleatoriamente, no furor da multiplicação. Girar sobre a terra em velocidade tão maior e devastar a paisagem construída para que revessem tudo... // Amava e odiava formigas de sapato. De onde vinha o amor daquele Pai? Filho de vento é brisa que nem pétala derruba... Onde morava o sentimento que não entendia? Pudera saber que um Deus maior precisasse de tantos outros. Que o planeta e suas bandeiras colecionavam nações inteiras subdivididas em tribos, que por sua vez se diminuíam e progressivamente, se reuniam em mapas perenes. Que a compaixão estagnada era a bússola de um universo fora da validade, estragado, sujo. Que a vida prenunciava uma nova ordem. E o mito de cada, força motriz desde que percebido a importância do outro... Mito... Troço que precisa de dono. E só míope, não poderia ver tudo isso... Se cada alma falasse talvez o caos se tornasse um caso à parte...