sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Ler batendo palma...

Ladainha de Capoeira

Na Bahia quem sabe eu seria

Um mestre cantador

Que conversa com caboclo

No movimento do tambor

Manda dizer lá no terreiro

Nas ruas do Rio de Janeiro

Na roda ninguém tem mais dinheiro

E o respeito é o direito de se impor

Aprendi “nuns” minutos da sua hora

Mandei a tristeza embora, Conheci outros mestres

E o respeito que carrego

É como roupa que veste

Gira mundo que gira

Esse jogo é pra rezar

Pastinha virava cobra

Bimba chamava pra lutar

Se alguém pedia pra São Jorge

Ou pra dona Iemanjá

Era o berimbau senhor

Repetindo sem parar

Capoeira é velha senhora

Sabida da vida e do arreio

Voa bonito, voa feio

Feito sapo ou planador

O homem colando os pedaços

Do que o negro costurou.

Capoeira é velha senhora

Sabida da vida e do arreio

Quer dizer mato rasteiro

Quer dizer arma de guerra

A liberdade suada

A saudade que se encerra.

Se as folhas secas se vão

Porque a terra ampara e transforma

Em mantimento que entorna

Pela flora todo tempo

Pela vida, feito formiga

Reiterando o movimento

2x Andei, andei, andei, Andei, andei, andá

Peço licença meu povo, Capoeira vai passar.

Palmas continuam...

Bimba se mudou pra Goiás

Pastinha morreu sem academia

O acervo dos ancestrais

A Bahia não sabia

Que na projeção do mundo

Seria parte da nossa língua

O pé roçando o vento

O corpo em movimento ainda

Mesmo que não parecesse

Possível homem voar

o céu é de passarinho

O chão de quem sabe jogar.

Andei, andei, andei, andei, anda

Peço licença meu povo

Capoeira vai passar.

...Vai silenciando aos poucos, baixinho... Até o próximo conto...