terça-feira, 2 de agosto de 2011



... Mas a festa! Ah! A festa! Pudera saber cada dezena de convidados, que a esbórnia, no fundo, encobria o velório da velha. Aprendera a cantar para um deus que dança e ouvir outro nas missas de domingo. Mas Não derramaria uma lágrima sequer. Ah! Era um orgulho abominável, um espírito descartável, mas sentido por vez. Num momento único, mesmo que breve, de desprendimento e contida dor. Louvaria o mar e a mãe que abrilhantava um luar redondo. E nem por isso escaparia o mancebo das próprias probabilidades. Tinha conhecimento das liturgias. Formado no exterior, destilava três línguas como quem fala o português. Conhecia o mundo e a opção de contemplar e debater. Rodas fechadas abarrotadas de pessoas pouco interessantes? Mas a opção, era dele; de mais ninguém.

 
Da mesma forma afirmaria com plausível percepção, a escolha dos assuntos que se repetiam nas rodas de conversa todas às vezes! Os mesmos temas, acrescentados de impressionante cultura inútil. Argumentos coerentes, de acordo, para iludir os meses e reverenciar a corja. E colher os louros de uma pontaria previsível. Afinal... Era o dono da festa.

Mas todo mangue também é ninho. Infestado de mosquitos e muriçocas alucinadas. Quando percebemos que o contato físico soa repugnante e o ar periférico parece ruim, não realizamos que a lama esconde um imenso berço. Um útero natural parindo vida em sincopada velocidade. O milagre dissipado de milhares. Ninguém é de todo bom ou ruim... Nem ele. Nem assuntos. Nem pessoas ou lugares.

Reluzia o planeta morto no reflexo torto da água ondulada que dançava. E provava o espelho de sal. Era nobre à noite. Uma realeza diferenciada. Água traduzia a fé; de nações inteiras e três quartos do planeta. De mar e corpo humano. Sinalizavam dentro de si palavras gentis e um inenarrável conforto, que por muito pouco, muito mesmo, não deixara de sentir. Era fundamental perceber quando o anfitrião exige minutos que a ele convém. Para emergir novamente...