sexta-feira, 26 de agosto de 2011


trecho de 1 conto gde q escrevi e destrincho.

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... Os personagens. Por fim, sempre eles! Avistava a noite com ares de Bogart. Pensava na Senhora francesa e sua invejada empregada Felicite. No escritor Flaubert que era sensível e adoraria o clássico Casablanca se pudesse ter visto; mas o tempo era outro... No entanto... Para todo tempo havia um piano velho!

@ Tudo fora rápido, instantâneo. Uma Polaroid clicada pelo olhar recôncavo que girava a enseada subdividida por toda forma de pavimento; com seus prédios imensos e dantescos, por trás dos óculos de um helicóptero. A malandragem de smoking, outra com o pé no chão. Ou era ao contrário! Um imenso curral de tudo. Isso era Copacabana... E ele...

Urinaram na areia para ver o Mick Jagger e não deu nem de longe para sentir o cheiro. Adereços purpurinados abrilhantavam a pista. Tudo, todos, tantos, santos... Trabalhadores da noite e seus ofícios, do mundo afora e daqui de dentro. Achava tarde para pensar nesses assuntos.

Sentia que era velho. Uma velhice menos plástica apesar de parecer uma ameixa passa. Seca, surrada; Dias consumidos, não vividos. A desordem natural das coisas. Uma Reengenharia de impossibilidades. Muito em breve não poderia arcar com os grandes eventos e suas descomunais despesas. Talvez nem com o próprio umbigo. Mas tinha apartamento na zona sul. Garantia fingida de gaiato sem rabo porque já devera condomínio muito tempo... Mas tivera sorte no pôquer, como seu avô. Herança do movimento que contraía as horas; que muda, mas não esquece... Era um esportista...

Mas a festa! Ah! A festa! Pudera saber cada dezena de convidados, que a esbórnia, no fundo, encobria o velório da velha. Aprendera a cantar para um deus que dança e ouvir outro nas missas de domingo. Mas Não derramaria uma lágrima sequer. Ah! Era um orgulho abominável, um espírito descartável, mas sentido por vez. Num momento único, mesmo que breve, de desprendimento e contida dor. Louvaria o mar e a mãe que abrilhantava um luar redondo. E nem por isso escaparia o mancebo das próprias probabilidades. Tinha conhecimento das liturgias. Formado no exterior, destilava três línguas como quem fala o português. Conhecia o mundo e a opção de contemplar e debater. Rodas fechadas abarrotadas de pessoas pouco interessantes? Mas a opção, era dele; de mais ninguém. 

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Da mesma forma afirmaria com plausível percepção, a escolha dos assuntos que se repetiam nas rodas de conversa todas às vezes! Os mesmos temas, acrescentados de impressionante cultura inútil. Argumentos coerentes, de acordo, para iludir os meses e reverenciar a corja. E colher os louros de uma pontaria previsível. Afinal... Era o dono da festa.

Mas todo mangue também é ninho. Infestado de mosquitos e muriçocas alucinadas. Quando percebemos que o contato físico soa repugnante e o ar periférico parece ruim, não realizamos que a lama esconde um imenso berço. Um útero natural parindo vida em sincopada velocidade. O milagre dissipado de milhares. Ninguém é de todo bom ou ruim... Nem ele. Nem assuntos. Nem pessoas ou lugares.