sexta-feira, 7 de junho de 2013


Ets

Conheciam-se há muito tempo. Amigos de infância. Tinham a mesma idade e gosto parecido. Rock and Roll, ondas, Rio de Janeiro que não era só samba. O maior segredo de um, somente sabia o outro. Mas isso nada significava. Para os pais do dito, o mundo não desabou porque se tornou um segredo federal. Na condição de se inventar uma namorada, ou noiva longe, estudando medicina fora. Os tempos não eram tão modernos assim. Mas dentro do curso de todo dia, a vida cairia numa inevitável normalidade. Até q... -Fui abduzido! Jurava de pé junto.

Quando Perguntado se o raptor ou sei lá o que tinha antenas, a resposta fora negativa. Se haviam luzes, sons, ou uma caixa craniana imensa, com olhos ova lados. Qualquer sinal!
Respondia mexendo os olhos pequenos da esquerda para a direita e vice-versa. E o outro ia ficando puto. - Nenhum ET te rebocou pra nave nenhuma! Nem cutucaram suas víceras, implantaram chips ou procedimentos duvidosos? Isso seria prova capital, sabe... - Não! Argumentava enfático. A viscosidade das mãos e o linguajar abarrotado de nomes adventícios, que era o mesmo que estranhos. Um couro cabeludo que transportava fios finos flutuantes de vento. Poderia ser uma dessas conexões!

Ah! Tava ”doida” o barbado! Só podia! Isso, senhores, é fato. Mas birita não pinta ninguém de abacate!

Havia uma tonalidade esverdeada que migrava para o vermelho. Proferia subtraindo os dias. Talvez... O consenso da besta e do OVNI, na mesma máquina. Uma espécie de dois em um em formato de aparição! Mas afirmava ter sido abduzido, e pronto! Isso bastava...

E naquele jargão do, todavia, contudo, no entanto, porém... Num voraz relâmpago de idéias, desentranhou da memória turva de passageiro um consenso claro, entre a tonalidade alaranjada e a vestimenta do gari que passava...

Definitivamente, perversão não tem uniforme! E o índio recém recrutado da FUNAI pela frota, num desses combalidos projetos sociais, lançou um adeus ao esvoaçar da peruca cobrindo a pele rubra, com flechada de beicinho que abrilhantava a boléia do caminhão de transporte. Por segundos, parado próximo ao canteiro, debaixo do sinal... Verde... Vermelho... Verde...

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