sexta-feira, 15 de novembro de 2013

... Deveria conter esse ódio nuclear. Investimentos milionários que travestiam a própria miséria. Fortuna suficiente para fomentar a paz em qualquer parte, qualquer continente. O planeta azul geoide circundado por; Lixo!

E lá se vão pagãos da alma universal. Derretendo geleiras, assoreando rios. Eram amantes da própria desordem. Mas pagariam maltrapilhos e afortunados. As sobras seriam saqueadas por quem pudesse. É como se as mãos do cangaceiro Virgulino novamente sangrassem a caatinga e escorresse seiva terra afora.
Não sabiam os astronautas quão negros eram os inacessíveis buracos ou as profundezas de cada um. Sabiam apenas que a princesa era azul. A certeza caminhava sob os pés de quem estava onde se via. Via Láctea, via satélite. Contemplavam com conhecimento de causa a tela pintada por um deus artista. Chorariam dentro de suas armaduras. Pobres homens astronautas Somos nós!

Mudar costumes, hábitos. Gerações e gerações. É como se as necessidades não fossem indivisíveis e comuns àqueles que compartilhavam oxigênio e pisam o mesmo chão. As máquinas ruminando horas de combustível químico obedeciam às diretrizes dos que não se importavam. Moradias amontoadas. Eram latifundiários da própria cova remendando o Tempo. Novamente e sempre. Inevitável senhor de tudo. O TEMPO!
Artérias de cobre danificadas, plastificadas, remendadas pelo desejo insalubre de seus fundadores.
Para uns, desprezar a matéria e tudo aquilo que não se compra era tarefa impossível. Talvez uma pequena... Maioria...

Mas seriam então inabaláveis. Pensava com solidão de eremita o dono de tudo. Irmãos? Cuidariam da princesa que girava quase imóvel. Eram tantos os afazeres! Lustrar os anéis de Júpiter, o carmim de Marte e todos os lugares. Existia uma função em cada pedacinho de céu. Mas a terra não era um lugar qualquer. Todo canto, tem um canto, e toda noite uma estrela. Se não dá pra ver, fecha os olhos que aparece...
Sol e lua e fogo e água, mesmo que salgada, escorrida dos olhos de pedra daqueles que perpetuavam o descompasso. E era uma lua doce. Dona da noite desses mortais que deveria compreender! A herança progressiva de acontecimentos modernos parecia surtir efeitos contrários. A ferrugem do tempo corroído pelas suas maiores promessas. Os homens...
Foram passando meses, anos, décadas sem ponteiros.
O sol com a fúria marcial de um deus índio percebia a lua cozendo estrelas que desapareciam sucessivamente na vermelhidão de todo dia. Quando aqui noite fosse, do outro lado, não mais seria.
Aos poucos – e isso não se contava - sucumbiria ao prateado lunar. Quem poderia imaginar? Tão pequena era a irmã. Tão serena. Despertara silenciosa, o amor do maior de todos os astros. Era um sentimento quase humano e nessa história, cheia de deuses, indigno. E por motivos que jamais nos caberão! Há centenas de séculos atrás, a terra congelada provara o gosto da distração do astro rei. Um desastre, ou melhor, uma imensa transformação com óbitos gigantescos de dinossauros.

O que poderia o Tempo, senhor todo poderoso, fazer? Perdoar algozes como quem renega a própria imagem. E Isso era Deus Proteger quem bate e florescer caminhos. Tudo muito difícil para nós. Éramos muitos, e, tal qual formiga, canibalizando culturas, dicionários, bandeiras.
Eram irmãos da criação e parte de um todo que se movimentava lentamente, imperceptível. Ao longo da jornada a vida passava dentro da astrologia de cada um. Alterar planetas seria ceder, ao destino que a cada um coubesse.
Mas a paixão; Ah! A paixão! Agora o astro incandescente respondia a diáspora das incertezas humanas, daquilo que contradiz os parágrafos anteriores e ignora qualquer regra! Temia a sua intuição cedendo sem perceber ao desejo da grande conquista.
Descolorava o poente e o nascer seguinte. Sucessivamente, dia após dia. Por vezes sangrava de tal forma a paisagem que a pele rubra de padre implorava terra molhada. E tudo. Absolutamente tudo, nessa hora, respondia ao único astro que poderia colorir. E este, por sua vez, somente enxergava um sorriso vertical, que por vezes, parecia vela içada esperando o vento. Ou a calma que não possuía.
E por falar no vento;
Contudo, também o senhor tinha lá seus trunfos. Acreditava que sem platéia deuses se perdem. Decidiu pintar de cinza a paisagem, acimentar as cores nublando sucessivamente semanas inteiras. Eram acúmulos de água potável que se desfazeriam sucessivamente. Quem soubesse da história choraria uma dor molhada. Precisava dar limites e do tempo, quem tentou correr, ficou pra trás.
Mas sabia bem do vento que num sopro de manhã, se bem quisesse, o encanto desfaria. Era simples. Bastava empurrar uma nuvem contra outra. Derreter a dor em chuva, provocar eletricidade. Sabia dar espetáculos, era ardiloso, não ruim.
Carregava uma agonia que não sabia. Estava sempre correndo, levando, esbarrando, pra dizer que a vida era simples; Mas não sentia assim. Destelhava casas pra lembrar que todos respondem à mesma fauna, floresta, ou o nome que se dê. Era o vento responsável por terríveis alegorias. Pequenos tornados, imensos furacões. Questionava a existência que em momento algum poderia ser compactada na palma das mãos. Muita coisa nessa vida não tem dono, tão pouco é palpável. Existe e responde com silenciosos movimentos de atitude muda.
Mas, já que nem visível era, portanto. A nada pertenceria. Não se pode responder ao que não se vê. Jamais perdoaria o Pai de tudo, pela mal entendida falta de forma. Qual motivo haveria? Dentro de uma interpretação extremamente particular, julgava-se menor. Defeito de fabricação! Queria ver plantar tudo isso, dizia para si. Quilômetros e quilômetros de barro em copas. Queria ver. Espalhar toneladas de sementes aleatoriamente, no furor da multiplicação. Girar sobre a princesa em velocidade tão maior e devastar a paisagem construída para que revessem tudo... //

Amava e odiava formigas de sapato. De onde vinha o amor daquele Pai? Filho de vento é brisa que nem pétala derruba... Onde morava o sentimento que não entendia?

Pudera saber que um Deus maior precisasse de tantos outros. Que o planeta e suas bandeiras colecionavam nações inteiras subdivididas em tribos, que por sua vez se diminuíam e progressivamente, se reuniam em mapas perenes. Que a compaixão estagnada era a bússola de um universo fora da validade, estragado, sujo. Que a vida prenunciava uma nova ordem. E o mito de cada, força motriz desde que percebida fosse a importância do outro... Mito... Troço que precisa de dono. E só míope, não poderia ver tudo isso... Se cada alma falasse talvez o caos se tornasse um caso à parte...