quarta-feira, 2 de abril de 2014

... Não sabiam os astronautas quão negros eram os inacessíveis buracos ou as profundezas de cada um. Sabiam apenas que a princesa era azul. A certeza caminhava sob os pés de quem estava onde se via. Via Láctea, via satélite. Contemplavam com conhecimento de causa a tela pintada por um deus artista. Chorariam dentro de suas armaduras. Pobres homens astronautas Somos nós! Mudar costumes, hábitos. Gerações e gerações. É como se as necessidades não fossem indivisíveis e comuns àqueles que compartilhavam oxigênio e pisam o mesmo chão. As máquinas ruminando horas de combustível químico obedeciam às diretrizes dos que não se importavam. Moradias amontoadas. Eram latifundiários da própria cova remendando o Tempo. Novamente e sempre. Inevitável senhor de tudo. O TEMPO! Artérias de cobre danificadas, plastificadas, remendadas pelo desejo insalubre de seus fundadores. Para uns, desprezar a matéria e tudo aquilo que não se compra era tarefa impossível. Talvez uma pequena... Maioria... Mas seriam então inabaláveis. Pensava com solidão de eremita o dono de tudo. Irmãos? Cuidariam da princesa que girava quase imóvel. Eram tantos os afazeres! Lustrar os anéis de Júpiter, o carmim de Marte e todos os lugares. Existia uma função em cada pedacinho de céu. Mas a terra não era um lugar qualquer. Todo canto, tem um canto, e toda noite uma estrela. Se não dá pra ver, fecha os olhos que aparece... Sol e lua e fogo e água, mesmo que salgada, escorrida dos olhos de pedra daqueles que perpetuavam o descompasso. E era uma lua doce. Dona da noite desses mortais que deveria compreender! A herança progressiva de acontecimentos modernos parecia surtir efeitos contrários. A ferrugem do tempo corroído pelas suas maiores promessas. Os homens... Foram passando meses, anos, décadas sem ponteiros...!