quarta-feira, 16 de abril de 2014



HISTÓRIAS DA PÉRSIA

O céu está aos pés da mãe (proverbio persa)

...Dos anos de Teerã e toda terra viajada, com orgulho dúbio, nacional, dizia; amo aquele lugar, com lágrimas daqui... Minha terra e mitologia andam naqueles desertos... Apaixonara-se por um homem ou por um país, perguntei. Não sei; respondia com os olhos de longe...

(Cultura Persa) Talvez... Pouco houvesse a creditar as narrativas deste porte, fosse quando pudesse. Perguntar-se-á o leigo. E daí? Adianto-me, caríssimo público. Um fato difere. Único; quase, um noticiário...
Corta; entram os megafones: Digam que uma mulher, proveniente da sociedade latino-americana, neta de europeus poloneses, de olhos azuis turquesa e pela alva, ama um país trancado, dividido, másculo e milenar. Farto, de uma herança arqueológica que explica uma brutal tolerância aos costumes, e a generosidade que só a (há?) história condiz... Ou conduz... Depois, faça uma pausa e diga que é o... Irã. E foram quase quinze anos passados. Desprezar a cultura persa, e o que até hoje perdura exatamente como em outras épocas de longe. E uma mulher que ama dunas e mar.  E o conhecimento de toda causa e idioma. E tradições, ou; traduções (?). Parece aos olhos de um escritor-jornalista que naufragar numa tempestade de areia (!) seria não içar a possibilidade desse conhecimento? E principalmente, contribuir para desfazer mitos e citar seus verdadeiros tons.
Quantas são as cores e variações; de vermelho, verde esmeralda, azul turquesa... Um país não se faz de homens bombas senhores!... Essa frase já foi dita e na sequência um pouco da históriaPersa... Parte de onde tudo começou... Ao barco que poderia movimentar uma cultura específica, milenar; sejamos o remo. Que todos sejam bem-vindos a este universo... Contado através do amor de uma mulher, e do orgulho de ter sido parte da história daquele lugar.

O Açúcar
... Comprado em formato cônico tinha trinta centímetros de altura aproximadamente e uma base redonda de quinze. Antes de partir com arte cada pedaço doce, era imprescindível que um cozinheiro, homem, quebrasse em nacos menores, com uma machadinha e um martelo. Fundamental que coubessem nas mãos o que somente depois Nanê diminuiria em pedacinhos menores ainda cortados com o auxilio de um pequeno alicate próprio para a função; Tinham que ser quase que milimetricamente perfeitos... Durante muitos dias. Muitos... Depois, coloca-se na boca, para regar com chá, e derretê-lo. Diz que o cubo adocicado, dimensionado aos cálculos da história, só deve acabar ao término da bebida; daí ser tão importante o tamanho de cada pequena peça doce de açúcar. E aquela senhora sabia da ordem, e da paciência...

“... Amo as rosas, o perfume, e as cores, dizia. Só entende, quem ali respira... Respondi que não imaginava rosas e aridez”...

(Cultura Persa) A Senhora das Ervas

... Sua função era varrer e limpar as ervas, que seriam usadas; e manuseadas para as refeições. Praticamente fazia isso todos os dias. Eram horas para limpar adequadamente cada tipo... Sobre sua idade, nem ela mesmo sabia. Respondia pelo nome simples de Nanê. Dizia ter visto a troca de cinco reis. Calculava-se sua idade em mais de cem anos. Só na família somavam cinqüenta deles. Mas ali o tempo é outro, e suas considerações também. Cuidara dos quatro filhos da primeira esposa e dos quatro, da segunda...E o verbo empregado naquele lugar tinha o peso do conhecimento, da cultura falada, repassada; dos mais velhos aqueles que a carregarão; como toda tribo, toda reminiscência, que não foi corroída. Só entende isso país de história velha... Achava que ela dizia isso...Durante todos aqueles anos, não havia aprendido o farsi, que é o idioma oficial do Irã. Quando chegara a capital com a família, era analfabeta. Nascera possivelmente em Tabriz, ao norte; fronteira com a Turquia. Não sabia das letras. A comunicação mesclava o dialeto à língua e gestos; E era assim que organizava a casa...


(Cultura Persa) ...

Ah! Pudessem ver a alameda principal que converge ao centro de Shiraz. Do canteiro central, as laterais, somente rosas. De toda espécie e cores. Difícil imaginar tamanha grandeza... Por quem passa a impressão é de retorno! Parece uma dimensão circundando a esfera e a terra com seus grãos de pedra, e pétalas por fim, escolhidas... A sensação é que num país trancafiado, o grande espírito reservou tal privilégio a quem merecer... E principalmente, um orgulho do oriente médio em pertencer aquele lugar...


(cultura persa) Frutinhas
... Quando chegasse o outono...Cerejas doces e azedas, marmelo, romã... As cascas por vezes também tinham sua função. A da laranja, por exemplo... O intuito era a maior colheita de tudo para o preparo das geléias que seriam consumidas no inverno, ou em uma das muitas receitas de arroz.

(CULTURA PERSA) Pão e Queijo de Cabra

Durante as refeições acompanhava o pão iraniano e queijo de cabra. Numa mesa posta, tradicional, este ritual define a família e há milênios é repetido, até hoje, da mesma forma...


(CULTURA PERSA) Tâmaras

... Vinham em cachos ainda amarelas. Eram penduradas próximo à porta de entrada da cozinha para amadurecer... Proveniente de uma espécie de palmeira, os frutos levavam semanas para madurar, e durante o inverno, substituiriam o açúcar durante o chá.


( CULTURA PERSA) As ROSAS de Shiraz

...Registros revelam tratar-se de uma das mais antigas flores conhecidas pelo homem. Reza a lenda, trazida de Vênus para este planeta, tendo sido a Pérsia seu berço de fé. Pelo aroma, aparente realeza, e principalmente; para rechear o colchão do sultão... E ornamentar o sabor da culinária. Frequentemente é usada para temperar. Num dos muitos pratos tradicionais, a sopa fria, preparada a base de iogurte e pétalas, é considerado uma das iguarias ao passar do verão... E como seriam as estações...? Raramente adornavam ambientes, descansando em vasos; a exceção de ocasiões muito especiais, como casamentos... Eram despetaladas as rosas vermelhas com muito cuidado e destreza e colocadas num outro pano de algodão puro para secar... Depois, maceradas até se tornarem quase pó. Todo o ritual era praticado por pessoas que possuíam o dom daquilo que em farsi, significaria “saber fazer”; ou não serviriam para o que se destinavam... Por fim, eram guardados em frascos transparentes e hermeticamente fechados, para não perderem o aroma... E era de extrema sofisticação a utilização das rosas na gastronomia...