segunda-feira, 9 de junho de 2014



Autores Russos
Tinha paixão por autores russos. Era um texto de beleza fria, por isso de olhar amplo e generoso. Palavras que romperam o regime, traduzindo para diversas línguas, a resistência de um povo. A origem, seus movimentos e contratempos. E não estamos falando da língua inglesa não, meu velho! É russo! No máximo dirás vodka. Ou alguns nomes, quem sabe. Sasha, Ivan, Dimitri!...
Pensava nas prisões geladas de Dostoievski, na chave mestra de Tolstoi que desejava unificar todas as bandeiras, no nariz de um Gogol alucinado e de Tchekov. De forma particular, o texto do teatrólogo intitulado O Monge Negro, me chamava especial atenção. Era fininho, da espessura do menor dedo. Erudito, cansativo, mas de profundidade abissal.
O personagem conhecera o habitante de si mesmo; alma; ou espírito se conveniente for. Convivera avisado sobre as benesses do silêncio, mas desabafara, e por fim, tachado de doido acabou numa clínica... É compadre, calasse a boca e não aturaria um sonoro eu te disse, no transbordar derradeiro da própria caligrafia!
Geniais os caras. Épocas duras. Aliás, naquele lugar: Quando a vida não fora dura? Gelada? Até hoje! Navegar era coisa de navio e o pensamento radical do regime, palavra de um homem só.
Diversas vezes me perguntei como Dostoievski fora ele mesmo. Burlar com palavras e, pagar a língua atrás das grades. Não importava. Tinha palavras! Via o mundo acinzentado sem jamais perdê-las. Congelando feito passarinho ao relento, fomentando uma dor escrita, ao mesmo tempo em que rude permaneceria. Até terminar a vida; Quão triste poderia ser um homem; para parecer aquele, pensava. E havia sido. Ah! Se havia!... E lia, lia, lia...
E o inverno? Se não houvesse sido menosprezado por incautos generais, ou se soubessem do seu poderio, das duas uma: ou corriam, ou agiriam de forma mais sagaz e talvez, hoje, falássemos o mesmo idioma.
Textos diziam que durante todas as guerras, a preocupação maior do exército bolchevista não era espionar, mas contra-espionar. Fornecendo provas, desertores e boatos para confundir qualquer coisa que Lênin definia como: intelectuais ávidos por trabalho. Dessa forma, achava interessante fomentar linhas de raciocínio que desviassem o foco e perdessem de vista. Era a desinformação. A visão do ato ao contrário, para se alcançar o meio! Fantástico, não!
Sobreviveram da contracultura os conterrâneos de uma literatura extremamente particular, complexa, poética. Com mãos de ferro e frio nas mãos. Era a tundra, descolorando neve branca... De alguma forma.
Também discorriam boatos sobre o armazenamento de bilhões de dólares em bancos americanos. Aguardariam uma possível queda da moeda para a injeção de capital e posterior recolhimento. Enfim! Planejavam no contragolpe do outro. Desabaria a maior economia do mundo com seu rabo preso, e mãos atadas...
Numa alusão a nossa tradição, diria que aguardavam uma meia lua de compasso para entrar com aquela rasteira bacana da capoeira... Definitiva!...
Pai nosso, q esta tão perto;
Quando os meus olhos descansarem desse dia,
faz meus pés pisarem nuvens; e o corpo adormecer
sobre um cobertor luminoso; e tão negro;
que qualquer ponta de estrela possa respingar
a paisagem dos meus sonhos . Amém...!