quarta-feira, 24 de abril de 2013


... "O tempo é uma convenção que não existe, nem para o craque, nem para a mulher bonita. Existe para o perna-de-pau e para o bucho. Na intimidade da alcova, ninguém se lembraria de pedir à rainha de Sabá, a Cleópatra, uma certidão de nascimento. Do mesmo modo, que importa a nós tenha Zizinho dezessete ou trezentos anos, se ele decide as partidas? Se a bola o reconhece e prefere?"... Pequeno trecho do nosso genial Nelson Rodrigues enaltecendo o talento desse mestre da bola... Vale no entanto uma ressalva: trata-se de uma narrativa velha e um detalhe moderno a torna mais interessante ainda. Moedas cunhadas no antigo Egito e encontradas recentemente revelaram um rosto de rainha feioso, prognata e de traços nada gentis... Soubesse o escritor...



Enche os pulmões e expira... Solta a saudade que venta e dissolve sua tristeza para virar outra coisa. Pergunta o que essa pessoa tão importante, que não esta mais aqui, faria no seu lugar. E saberá que uma praia ou paisagem ou mesmo uma janela de apartamento, simbolizam muitas vezes o altar e a passagem. Fecha os olhos e reza a missa que te cabe. E faz valer o tempo que te pertence inalando marezia ou cheiro de folha ou raios de sol... Homenagear a morte é louvar a vida e justificar o último suspiro com um sorriso de existência; o dever cumprido de quem não veio à toa...