quinta-feira, 24 de abril de 2014

O Jornalista e o General // Passamos à vida contando e ouvindo histórias. Muitas vezes não me lembro bem a fonte, confesso. E sobre a veracidade dos fatos, nem sempre conseguiria provar. Mas é curiosa a crônica e sua necessidade quase humana em emergir ou mesmo "realizar". Algumas dessas narrativas valem ser repetidas, mesmo que acrescidas de suposições, ou retalhos de informação. Data do término de outra guerra americana. Era ano de Vietnã, festivais e protestos vindos de todas as partes do planeta. E batiam em retirada finalmente convencidos, invasores e suas bandeiras. Durante todos os anos de confronto, um hotel servira de embaixada comum a profissionais da imprensa e diplomatas e grupos específicos; quase sempre coligados aos direitos humanos. Um jornalista de nacionalidade não lembrada, aguardava os acontecimentos, tomando diariamente seu Dry Martini, preparado pelo barman do salão principal... Ainda me lembro das imagens aéreas de poucos recursos, e das bombas de Napalm, que espalhavam estilhaços de fósforo branco e queimavam ininterruptamente. Depenavam árvores melhorando a visibilidade. Pele, tronco, carro. Tudo! Diziam que se apagados os resíduos químicos, em instantes reacendiam. Como velas de aniversário modernas, que enchem o bolo de perdigotos. Que invenção é essa, me perguntava; Ou, que inversão é essa! Muito tempo despendido e investimento. A ignorância repetida, sofisticada, armada. Ao fim da barbárie e anunciada a debandada, todos observavam a movimentação da capital. A retomada do centro pelos inimigos do pensamento ocidental ou os outros, todo tempo quase invisíveis, era realmente significativa. Como sempre, pagou-se o preço até a penúltima bala. O prato degustado frio; paisagens de cinema puído, com fundo vermelho de sangue filmado. O nosso jornalista, embrenhado ao resto dos demais percebia ao longe certa algazarra. Imediatamente se antecipa quase despencando do parapeito e se posiciona na mesma janela que durante todos aqueles anos contornara as hastes dos próprios óculos. A procissão se aproximava com seus heróis ovacionados da batalha terminada; vitoriosa. Não interessavam as franquias estrangeiras, ali! A comemoração em nome da liberdade transbordava a cada metro quadrado de euforia... Sou escritor, e bala, só de leite, pensava...Mas todo mundo ansiava por saber. Ainda não eram tempos de internet. Eis o ponto! Esse é o motivo de todo este conto! // Acenando da caçamba de um jipe, vestindo uniforme da mais alta patente, o general, minguado e sorridente; Barman!É caríssimos; as mãos que serviram por trás das atividades daquele salão de hospedagem, rasuraram mapas da frente e ordenaram o tabuleiro de xadrez. Dados colhidos num salão internacional, abarrotado de representantes da imprensa e membros do alto escalão e, principalmente; informações! Um fluxo tão grande delas, que permitiria um militar, durante todo trabalho trivial de uma copa ou bar, apontar ouvidos, colher e imperar manobras de guerra. Quem diria, depois de muitas talagadas, falava-se muito; e diziam que a bebida do cara era ótima; coisa de general!